O Antropoceno E A Amazônia: O Conhecimento Indígena Como Resistência Ao Modelo Econômico Vigente
Tipo:
Conferência
Categoria:
Afro e Indígena
Local:
Bloco K – Auditório K1
Data e hora:
13:00 até 14:30 em 11/07/2024
Hoje em dia já não se discute mais se haveria ou não um Antropoceno. Sendo uma Época, Idade ou evento, o Antropoceno é uma realidade histórica que extrapola o campo próprio da geologia. Assim podemos afirmar, que pela primeira vez na evolução planetária há coincidência entre as transformações geológicas e os processos históricos da humanidade. Para boa parte dos estudiosos das ciências naturais isto teria ocorrido desde a ascensão do capitalismo (século XIX), mas com evidências geológicas planetárias a partir das primeiras explosões nucleares na década de 1950. Entretanto, com o boom econômico ocorrido depois da Segunda Guerra Mundial, o pico da agência humana sobre o planeta se acelerou exponencialmente a partir de 1973, através da chamada “Grande Aceleração” capitalista. O efeito dessa “aceleração” seriam mudanças climáticas irreversíveis com grande impacto sobre a biosfera, que seria cada vez mais caracterizada como “tecnosfera”. Na Amazônia, a Grande Aceleração capitalista vai se consolidar com os grandes projetos mineradores e a corrida “clandestina” ao ouro. Associados à pecuária e à posterior expansão das monoculturas (de palmas, soja etc.), o impacto sobre os ecossistemas amazônicos tem sido catastrófico, gerando desiquilibro evidente entre a tecnodiversidade e a biodiversidade. Entretanto, as florestas antrópicas na Amazônia apontam para perspectivas completamente diferentes. Elas mostram que na história indígena, em algum momento de sua evolução, a expansão humana entrou em equilíbrio com a seleção cultural de espécies. De modo que o crescimento de ambos se tornou interdependente segundo uma série de mecanismos sociais e naturais, que manteve a biodiversidade e a sociodiversidade em equilíbrio. Ou seja, é bem provável que as técnicas e práticas indígenas possam reverter ou atenuar a irreversibilidade antropocênica gerada pela predação capitalista, desde que seja aplicada em larga escala espacial e temporal.