[Remoto] O Papel Da Linguística Na Produção De Conhecimentos Para Fortalecer As Línguas E Os Povos Originários

O Brasil é uma das regiões do mundo com maior diversidade linguística, com pelo menos quatro grandes grupos genealógicos (Aruák, Karib, Macro-Jê, e Tupí), além de vários grupos genealógicos menores e várias línguas isoladas, o que torna imenso o desafio da linguística descritiva e da documentação dessas línguas no País. Entretanto, nas últimas três décadas, os avanços foram enormes nos estudos dessas línguas graças ao aumento no número de linguistas brasileiro(a)s formado(a)s no Brasil e no exterior, especializado(a)s na pesquisa de línguas originárias, especialmente línguas da Amazônia – onde estão mais de dois terços delas. É, portanto, pertinente avaliar a relevância e contribuição desses estudos para o fortalecimento e manutenção dessas línguas. Como será demonstrado nas apresentações no painel, a linguística permite não apenas compreender as características particulares de cada uma dessas línguas, a contribuição delas para a tipologia e teoria linguística em geral, a interação delas com o universo cosmológico, com a organização social, e com a história de cada povo, mas, também, fornece a compreensão e sistematização do conhecimento linguístico sobre cada língua, necessário ao planejamento e criação de produtos voltados para o seu fortalecimento, como parte de um processo de garantia de direitos às suas identidades tradicionais. Sem esse conhecimento, por exemplo, não é possível pensar na produção de materiais didático-pedagógicos, dicionários ou coletâneas de texto, na construção de matriz curricular para ensino da língua na escola, na (co)oficialização de línguas, na contratação de professores indígenas para o ensino de suas línguas, na difusão de informações nessas línguas em mídia escrita, e no acesso aos recursos de tecnologia de informação nessas línguas etc. Em nossas apresentações examinaremos o estado atual dessas contribuições no contexto dos estudos de diferentes grupos indígenas.