Desinformação em tempos de pandemia - Leandro Tessler

A invenção da internet e das redes sociais baseadas nela foi talvez a mais importante revolução na difusão de ideias desde a invenção da imprensa de tipos móveis. Com a internet terminou a curadoria de conteúdos que era feita por universidades, museus e editoras. Agora qualquer cidadão com acesso à rede pode produzir e distribuir conteúdos. Se isso por um lado democratizou o acesso a ideias científicas, por outro permitiu que ideias pseudo e anticientíficas circulem quase livremente. Na medida em que as pessoas passaram a se informar prioritariamente pela internet, a ausência de moderação resultou na criação de bolhas em que são estabelecidos e festejados conceitos de realidades alternativas. Com a chegada da pandemia de covid-19 o que antes era uma curiosidade passou a custar vidas. No Brasil, a posição oficial do governo, negando a gravidade da doença, disseminando tratamentos inócuos e mais recentemente causando desconfiança em relação às vacinas tem consequências muito graves. Divulgadores científicos ganharam celebridade e passaram a ser combatidos pela rede de desinformação. O que pode ser feito para controlar os danos da desinformação? Como cientistas e sociedades científicas podem atuar?